Clarice Freire tem 27 anos e mais de 1 milhão de curtidas na página oficial do seu blog no Facebook: O Pó de Lua. Filha de um médico escritor e de uma mãe assistente social e desenhista, Clarice conviveu com a arte durante toda a sua vida. “Eu não conseguia diferenciar muito bem o que era palavra e o que era desenho”, contou a escritora durante a sua primeira oficina, na Jornada Literária Portal do Sertão, em Arcoverde, dia 18 de maio.
Na oficina de Poesia Visual, Clarice contou um pouco sobre sua trajetória, falou de sua infância cercada de artistas e de como a arte sempre foi natural para ela. Falou de suas experiências acadêmicas fora do país (na Espanha e na Argentina) e de como é importante construir uma bagagem de vivências para o fazer artístico. “pra gente desenhar, escrever, fazer arte, tem que ter referência, tem que ler, estudar”, explicou ela para o grupo de 17 pessoas que participaram da oficina.
Clarice iniciou sua vida profissional como redatora publicitária em uma agência do Recife. Durante 7 anos ela fez textos para vender todo o tipo de coisas, de carros a eletrodomésticos, e aquilo não era bem o que ela tinha sonhado em escrever. Para “não enlouquecer”, ela começou a desenhar e escrever poesias, que ao fim do dia de trabalho, iam para o lixo. Uma de suas colegas de trabalho, resgatou aquele “lixo” e, após muita conversa, convenceu Clarice a iniciar um blog, o Pó de Lua, em 2010. Em 2012, veio a página do Facebook e depois o Instagram.
Durante o processo de escrita visual, Clarice foi se descobrindo uma escritora que prezava a delicadeza e a simplicidade. “Na simplicidade a gente consegue falar muito. E é difícil ser simples e ter conteúdo”, contou. Ela propôs aos participantes da oficina colocar óculos mágicos e passar a olhar o mundo de forma diferente. “A poesia já existe, a gente é que não tem olhos para ver”, disse e já começou a mostrar exemplos de sua poesia, na qual um dado, uma porta, uma tomada e um fósforo são objetos com diversos significados.
A oficina continuou com práticas criativas para que os participantes pudessem soltar a imaginação, quais as formas de escrever uma palavra? Quais significados ela pode ter? Que desenhos podem agregar valor ao sentido da poesia? Em toda a sua fala, Clarice incentivou os participantes a criar uma literatura viva, que muda e se transforma. “O medo é a primeira coisa que a gente precisa vencer. Do papel em branco, da palavra”, disse.
Clarice Freire é escritora. Publicou seu primeiro livro “Pó de Lua”, pela editora Intrínseca, em 2014. O segundo livro já está no forno e deve ser lançado ainda este ano.