A partir de hoje, quinta-feira (20), Garanhuns e moradores de outros municípios de Pernambuco e turistas que vêm à cidade vão poder conhecer a itinerância da 32ª edição da Bienal de São Paulo – uma das maiores referências no cenário mundial. Um recorte curatorial da exposição “Incerteza Viva” chega ao Sesc, na Galeria de Artes Ronaldo White e no Centro de Produção Cultural do Sesc (CPC), com acesso gratuito ao público.
A parceria entre o Sesc e a Bienal de São Paulo é uma das iniciativas que integra a programação da 27ª edição do Festival de Inverno de Garanhuns, já presente no calendário da cidade, e, além da exposição, contempla programação mais extensa. Haverá, com a mostra, lançamentos de livros, debates e exibição de filmes. “Ter um recorte de Incerteza Viva para o interior do Estado é romper um modelo de gestão cultural que beneficia somente o público das grandes metrópoles. Essa parceria é um excepcional rumo à inclusão”, defende o gerente de Cultura do Sesc Pernambuco, José Manoel Sobrinho. Além de Garanhuns, outras unidades do Sesc receberão recortes da Incerteza Viva, como Palmas (TO) e Itajaí (SC).
O recorte curatorial da exposição, coordenado por Jochen Volz, foi elaborado especialmente para Garanhuns. A “Incerteza Viva” vai reunir trabalhos de nove artistas nacionais e internacionais. Bárbara Wagner, Cristiano Lenhardt, Ebony G. Patterson, Gilvan Samico, Jonathas de Andrade, José Bento, Leon Hirszman, Rosa Barba e Wilma Martins são os responsáveis por propor, por meio de seus trabalhos, o exercício de reflexão aos visitantes. Além da exposição “Incerteza Viva”, o CPC do Sesc realiza também a Mostra Relicário Acervor Josevaldo Araújo de Melo, de 20 de julho a 22 de setembro.
Sesc e FIG – O pensamento crítico vai permear toda a participação do Sesc no Festival de Inverno de Garanhuns, que vai promover ações também no Cine Eldorado, Galeria Galpão e Praça da Palavra. Uma das atividades, “Conversas para Adiar o Fim do Mundo”, será replicada na cidade pelo artista plástico, escritor, poeta e compositor paraense Bené Fonteles. Ele vai intermediar encontros que se propõem a discutir questões atuais e locais com o público e os convidados. Na segunda-feira (24), ele vai participar de conversa sobre o OcaTaperaTerreiro, projeto que desenvolveu e resultou na construção de uma oca e que desperta reflexões sobre a vida indígena no Brasil.
A sexta-feira (25) terá atividades nos turnos da manhã, tarde e noite. A primeira será o lançamento do livro “O Rei do Baião”, que resgata a memória do ícone musical Luiz Gonzaga, e conversa sobre o ele com a participação de Bené, autor da obra, e do pesquisador Paulo Vanderley. À tarde, os dois, com o pesquisador convidado Antônio Vilela, vão comandar a conversa “Uma tarde para Dominguinhos”, considerando o legado do artista para o Brasil. À noite, haverá exibição do filme “Martírio”, seguida de conversa do público com o diretor, Vicent Carelli, e com a equipe produtora do vídeo, que retrata a luta das tribos indígenas Kaiowa e Guarani.
No sábado (26), Bené e Vicent reúnem no palco Raonny, da tribo Funiô, Guilherme Marinho, da Xucuru e Zé Carlos do Castainho para refletir sobre a vida dessa população e das comunidades quilombolas com o tema “Urgências e poéticas políticas na questão indígena”. Por fim, a programação do dia 27 vai trazer os cantadores e repentistas Bráulio Tavares, Adriel Luna e Rouxinol Pereira no painel “O que sobra e o que falta na poesia – poesia é tirar de onde não tem e botar onde não cabe.
O Laboratório de Autoria Literária Luzinette Laporte, espaço permanente de criação e desenvolvimento artístico, promove na Praça da Palavra, diversas ações de 22 a 29 de julho. Serão elas: ação educativa – Brincando e Cantando com Expressões Populares; oficina de confecção de marcadores de livros; oficina de confecção de bonecos africanos; conversa sobre as diversas personagens na obra de Luís Jardim; roda de histórias com Grupo de Contadores de Histórias do Sesc Garanhuns; leitura dramatizada da obra “A Moça do Trapézio”, de Luís Jardim e estudo sobre sua história e obras.
De forma itinerante, de 25 a 27 de julho, a partir das 16h, os declamadores de poesia Alexandre Revoredo, Stephany Metódio e Gabriel Gueiros estarão na Praça da Palavra com a ação Guarda Palavras. Haverá ainda espaço para autógrafo de obras literárias lançadas no FIG. A itinerância dos declamadores chegará às comunidades quilombolas Estrela, no dia 25 de julho, Estivas Dias, no dia 26 de julho, e Castainho, no dia 27 de julho, a partir das 9h. O local também vai sediar a BiblioSesc nos dias 24 e 25. Assim como em Estivas Dias (26) e em Castainho (27 e 28 de julho), a biblioteca móvel terá contação de histórias com Yalle Feitosa e roda de leituras para crianças com Luciana Almeida.
No Palco da Cultura, no dia 26 de julho, o Sesc Garanhuns relembra a maior festa do Nordeste com o cortejo de quadrilhas e as apresentações das quadrilhas juninas Luminar, de Garanhuns, Os Filhos de Lampião, de Correntes, e Xamego na Roça, de Canhotinho.
A programação completa do Sesc no Festival de Inverno 2017 você pode conferir aqui.
32ª Bienal de São Paulo – Artistas e obras
Bárbara Wagner – Em parceria com Benjamin de Burca, a artista desconstrói o fenômeno do brega no filme “Estás vendo coisas” (2016). Mostra a música, dança, cena cultural e economia que extrapolam os limites dos bairros da periferia e participam da paisagem sonora de uma cidade em suas diferenças.
Cristiano Lenhardt – Ele constrói um “mundo bicho” em “Trair a espécie” (2014-2016), onde os seres deixam de ser alimentos e ganham corpo físico e transcendência.
Ebony G. Patterson – Os retratos são relacionados à cultura popular e ao contexto de violência de diversas comunidades em Kingoston, na Jamaica. Os painéis apresentados tentam traçar paralelos entre os contextos socioculturais do Brasil e da Jamaica.
Gilvan Samico – As peças presentes na Bienal têm como referência a literatura de cordel e o Movimento Armorial, sendo o encontro com o escritor Ariano Suassuna um importante ponto de inflexão.
Jonathas de Andrade – O filme O peixe (2016) acompanha pescadores pelas marés e pelos manguezais de Alagoas. Aborda temas como o universo do trabalho e do trabalhador, e a identidade do sujeito contemporâneo.
José Bento -A obra Do pó ao pó (2016) é composta de caixinhas de fósforos sobre estruturas de bancas de camelo com pés retráteis. Propõe refletir sobre a relação que há entre o tempo e a matéria que constitui inícios e fins.
Leon Horszman – A obra Cantos de trabalho é umatrilogia filmada entre 1974 e 1976, nas cidades de Chã Preta (AL), Itabuna (BA) e Feira de Santana (BA). Em cada uma delas foram registradas imagens dos trabalhadores rurais exercendo suas atividades.
Rosa Barba – O filme Disseminate and Hold (2016) estabelece um diálogo com a construção conhecida como “Minhocão”, elevado de concreto construído em São Paulo, durante a ditadura militar.
Wilma Martins – A série Cotidiano (1975-1984) consiste em vários estágios de desenhos e pinturas que já nasceu na tela. Já em Rio de Janeiro com cristais (1986), são retratadas as possibilidades de revelação da vegetação exuberante e às construções urbanas de lugares supostamente triviais.