Com capacidade de abarcar projetos, o Transborda dá continuidade a sua segunda edição em Pernambuco. Após início da programação com o Transborda Capiba, do Sesc Casa Amarela, outras unidades da Região Metropolitana do Recife e do Agreste vão levar atividades culturais, até novembro, para vários espaços com preços populares.
Levantando a discussão sobre a transversalidade da cultura e das artes na economia local e nacional, pautada na sustentabilidade do setor, na autogestão e no empreendedorismo dos profissionais da cena, o Transborda, do Sesc, traz apresentações de teatro, dança, música e circo, exposição de arte e rodas de conversas. “Queremos refletir sobre a tarefa de mensurar o impacto da cultura das artes na economia do país e, além disso, levantar questões como acessibilidade e formação de públicos direcionado ao processo de aproximação da população da cena artística”, explica a coordenadora do projeto, Rita Marize.
Nesta edição, o projeto fortalece a sua grade e inova seu olhar sobre o setor ao se conectar com projetos conceituados desenvolvidos por mais outras cinco unidades do Sesc: Transborda – Na Onda da Dança (Piedade), Transborda – Diálogos das Manifestações Populares (São Lourenço da Mata), Transborda – CIT (Santo Amaro), Transborda – Usina Teatral (Santa Rita) e Transborda – Mostra Pesqueira (Pesqueira).
Durante os três meses de Transborda, a programação contempla ações nas unidades e em espaços públicos, aumentando sua proximidade com a população. Ente alguns destaques, a apresentação do Balé Popular do Recife, nesta quarta (12), no Samuel Campelo; na quinta-feira (13), a Cia. Vivarte vai apresentar “Nem Janeiro nos Separa”, na Praça Tiúma; e no mesmo dia, o coletivo Resta 1 vai levar para o Teatro Marco Camarotti, em Santo Amaro, a peça “Alguém para fugir comigo”. Já o Sesc Santa Rita terá, de 21 a 28 de setembro, o Usina Teatral, e trará José Celso Martinez Corrêa, um dos maiores nomes do teatro brasileiro.
Extrapola ainda os limites da instituição ao se integrar ao programa Cena Expandida e aos projetos Câmbio Festival Internacional de Teatro de Pernambuco, Festival de Teatro do Agreste (Feteag), Teatro Experimental de Arte, em Caruaru, até chegar ao Cena Cumplicidades. “Essa junção traz como vantagem a potencialização dos esforços na pesquisa, conceito e programação dessas iniciativas”, pontua Rita.
Na Onda da Dança (Piedade) – Explora as políticas de cultura na dança para formação de artistas e públicos. A abertura acontece no Sesc Piedade nesta quarta-feira (12/9), às 19h, com uma homenagem a um dos mais importantes criadores e professores da dança contemporânea no Brasil, Airton Tenório. Às 19h30, o Balé Popular do Recife apresenta no Cine Teatro Samuel Campelo a montagem “Despertar Celebração – O Canto do Guerreiro Tuxau”, que é inspirada em diferentes manifestações culturais folclóricas. As ações formativas vão ocupar a grade do projeto de 15 a 19 de setembro.
O dançarino Airton Tenório ministra no dia 15 a oficina “Corpo e suas Articulações Dançantes” no Sesc Piedade, das 9h às 12h. No mesmo dia, às 15h, o estacionamento da Casa da Cultura, no Recife, recebe a ação Danças Urbanas. Já entre os dias 17 a 21 de setembro, Breno Paredes comanda o curso “Empreendedorismo e Design de Serviço Cultural” no Sesc, em Jaboatão, das 18h30 às 22h. Outras oficinas integram o Na Onda de Dança: “Corpo e suas Articulações Dançantes” com Airton Tenório (19/9), “Dramaturgia” realizada por Adelmo do Vale com Aya Martins (25/9), “Dança Corpoversa – criação, periferia e sobrevivência: na base da gambiarra” movimentada pela Cia Fragmento Urbano (27/9). Além de “Mediação Cultural” com Aline Vila Real, do Grupo Espanca, e “Dança, Improvisação e Criação” ministrada por Dudude Herrmann, ambas no dia 3 de outubro.
Entre os destaques do projeto, a paulistana Cia. Fragmento Urbano leva para a Praça Nossa Senhora do Rosário, no centro de Jaboatão, a montagem “Encruzilhada”, às 9h, que resgata manifestações populares que fazem parte de uma memória coletiva de resistência do negro da periferia e dos grandes mestres do Hip Hop. No dia 4 de outubro, Dudude Hermann, de Minas Gerais, sobe ao palco do Cine Samuel Campelo às 19h com a montagem “A Projetista”, levantando a discussão sobre as leis de incentivo e suas contradições envolvendo o artista nos planos da criação e da burocracia.
Ainda será possível participar de mesas de debate, entre elas: “Nem só de inspiração vive o artista” com Gardênia Coleto e Airton Tenório, no dia 24 de setembro, e a de “Mediação Cultural sob Nova Perspectiva” com Aline Vila Real, o Coletivo Carne, Diogo Lins e Dudude Herrmann, no dia 2 de outubro.
Diálogos das Manifestações Populares (São Lourenço da Mata) – Entra em pauta a regulamentação dos profissionais da cultura popular com a realização do Encontro de Bois da região e apresentações de circo de tradição. A Cia. Vivarte comanda a abertura do projeto nesta quinta-feira (13/9) com apresentação do espetáculo “Nem Janeiro nos separa”, às 19h, na Praça de Tiúma. No dia 14, no mesmo horário e local, a população poderá conferir a “Espiral Brinquedo Meu” com Helder Vasconcelos. A montagem reúne ritmos, canções e figuras, criadas a partir da relação do Cavalo Marinho e o Maracatu Rural. Já no dia 16, o Sesc Ler São Lourenço da Mata recebe um encontro de Bois e Ursos, às 16h. Um dos destaques da grade é o cantor Siba. Ele apresenta neste mesmo dia o musical “De Baile Solto”, à noite, no Sesc. O cantor retoma ritmos da música de rua do estado com elementos central do seu trabalho. Siba parte da posição desprivilegiada que o Maracatu de Baque Solto ocupa no panorama cultural brasileiro para elaborar um discurso poético e musical, que arrisca um olhar atento para oque está ao seu redor.
No dia 29 de setembro, é a vez do grupo Atrupe, de Caruaru, com “A Essência do Circo” no Sesc Ler, às 15h. A Unidade recebe às 18h a Trupe Carcará com o espetáculo “Picadeiro Pernambuco – A Tradição Milenar”, colocando em cena diversos números circenses sob a melodia de uma banda formada para a montagem, reunindo artistas que nasceram e foram criados sob a lona e os que escolheram viver a vida da arte. Fechando este mês, no dia 30, tem a apresentação do Disney Circo – O Circo da Família Vidal também no Sesc. O espetáculo reúne diversos números que compõem o imaginário do circo. Um mestre de cerimônia conduz toda a apresentação, fazendo a costura entre os números e facilitando a participação da plateia.
Outubro começa com a Mostra de Mágicos no dia 1º, em homenagem ao mágico Alakazam. Participam Rapha Santa Cruz, Lu Gon, o mais velho em atividade em Pernambuco, Mr. Sales, Mágico Jonas, Mickael Marcelo, Ryan Rodrigues, os alunos do projeto Tiúma Circense e o mágico Alakazam com “Fazendo o morto Enterrado Vivo”. No dia 2/10, a Unidade recebe às 18h30 o espetáculo “Minha Vida de Palhaço” com Marcelo Marques, de Goiás, que conta como, quando ainda era um menino e se apaixonou por uma trapezista, fugiu com o circo. Enquanto narra a sua história, vários personagens vão surgindo diante do espectador. Na programação, rodas de diálogos: “Minha Lona é do Tamanho do Céu e a Bilheteria é o Meu Chapéu” realizado pela Caravana Tapioca, Lua Barreto e mediação de Zezo Oliveira.
CIT PE (Santo Amaro) – O projeto explora o potencial do Curso de Interpretação para Teatro do Sesc, referência no estado, para discutir o mercado cultural e a criação artística de novos profissionais. A mostra é voltada aos processos, exercícios e espetáculos gerados a partir da relação de ensino e aprendizagem do universo teatral. A grade do Transborda – CIT leva para o Teatro Marco Camarotti cinco espetáculos, um encontro teatral e um fórum. Outras três ações formativas serão realizadas na Unidade de Santo Amaro.
O Coletivo Resta 1 de Teatro abre a programação na quinta-feira (13/9), às 20h, com a peça “Alguém para Fugir Comigo”, levantando a reflexão sobre um tempo que parece repelir as certezas e dar guarida à barbárie. O espectador ficará de frente com os mais variados tipos de opressão.O grupo Teatro Bissextos sobe ao palco do equipamento no sábado (15/9) com a montagem “Ubu Rei ou a Revolta dos Coadjuvantes”, às 16h. Dirigido por Marianne Consentino, o espetáculo discute sobre os sistemas de poderes e suas engrenagens com tom mais sarcástico e iconoclasta.
No dia 20, o Amaré Grupo de Teatro leva a peça “Espera o outono, Alice”, às 20h, para o equipamento. No enredo, a saudade e a pulsão da vida que persiste em existir apesar das quedas. Já em outubro, tem o Coletivo Despudorado com “As Lebres são maiores que os Ursos”, no dia 2, e o Coletivo Bordô traz “Tudo que é Bonito é Bordô”, no dia 3, ambos as 20h. O dia 4, foi reservado para o Fórum Transborda. Já no dia 22, às 15h, o Transborda – CIT realiza o “Transbordamento da Cena”, um encontro entre artistas dos espetáculos participantes da Mostra Transborda e os espectadores da cena recifense. Nessa primeira experiência, três grupos são convidados para compor o encontro no Marco Camarotti: Coletivo de Teatro Resta 1, Teatro Bissextos e Teatro de Miçanga.
Três ações formativas ocupam o CIT. Duas delas aos sábados de setembro: “Sonorização Cênica” com Marco da Lata e “Iluminação Cênica”, ministrada por Eron Vilar. Ambas acontecem na Unidade de Santo Amaro, das 9h às 13h. Nos dias 16 e 17 de outubro, das 19h às 22h, Daniela Travassos comanda a oficina “Gestão de Grupos de Teatro”.
Usina Teatral (Santa Rita) – O evento acontece de 21 a 28 de setembro e vai realizar oficinas, mesas de conversa e espetáculos. Entre os convidados, está José Celso Martinez Corrêa, um dos maiores nomes do teatro brasileiro. Tendo como tema “Políticas do Intangível: o teatro sob (im)pressão”, o projeto conta com o apoio da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e do Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas Apolo-Hermilo. Durante os oito dias de programação, serão apresentados ao público 12 espetáculos com grupos representantes do Nordeste, que serão encenados no Sesc Santa Rita e nos teatros de Santa Isabel, Apolo e Hermilo Borba Filho, além de espaços abertos, como o Cais do Imperador. Haverá, ainda, mesas de conversa, lançamento de livros, baile temático, conferências e ações formativas com encenadores de todo o país.
A abertura acontece no dia 21, às 19h30, no Sesc Santa Rita, com apresentação do musical “Ritmo Kente”, da companhia Onze Produções, que traz à cena o universo peculiar do brega pernambucano. Logo após a encenação, no Salão de Eventos da Unidade, começa o Baile Ritmo Kente, com Kelvis Duran e Banda Ovelha Negra. Já entre as montagens, estão “Nuestra Senhora de las Nuvens”, do grupo Clowns de Shakespeare; “A invenção do Nordeste”, do Grupo Carmin, ambos do Rio Grande do Norte; e “Dinamarca”, do Grupo Magiluth, de Pernambuco. O evento terá também uma Mostra Pedagógica, com espetáculos de grupos de teatro formados por alunos da UFPE e de unidades do Sesc no estado.
Serão realizadas mesas de conversa e conferências. Uma delas é “O teatro no Brasil ainda é possível?”, com José Celso Martinez Corrêa. Um dos maiores nomes da cena teatral brasileira, o encenador tem uma longa trajetória nos palcos desde a década de 1950 e se tornou conhecido pela montagem do texto “O Rei da Vela”, de Oswald de Andrade, além de comandar o Teatro Oficina Uzyna Uzona. O encontro será no Sesc Santa Rita no último dia do Usina, 28 de agosto, a partir das 18h. Outro destaque é a mesa que vai discutir o tema do projeto deste ano, “Políticas do intangível: a arte sob (im)pressão”, no dia 24, às 16h, no Sesc Santa Rita. A conversa será com o gestor cultural Márcio Meirelles e a doutora em ação cultural Isaura Botelho e mediação da secretária executiva de Cultura de Pernambuco, Silvana Meirelles.
O projeto oferece também quatro oficinas: “Crítica Teatral”uma ação em parceria com o projeto do Departamento Nacional do Sesc, o Cena em Questão, de 21 a 25 de setembro; “Elaboração de Projetos Culturais” e “Gestão de Grupo para o Teatro” (22 e 23/9). Já entre os dias 26 e 28 deste mês, das 9h às 12h, o grupo Clowns de Shakespeare, do Rio Grande do Norte, dará a oficina “Exílio em Cena”, em que será abordado o processo de montagem da encenação “Nuestra Senhora de las Nuvens”. O grupo também fará uma sessão da peça no dia 27, às 20h, no Teatro Apolo.
Mostra Pesqueira de Artes (Pesqueira) – Traz a representatividade do interior de Pernambuco com programação pontual no estudo da cultura e de suas práticas artísticas no entorno, envolvendo as comunidades indígenas nessa primeira edição. A programação traz oficinas, mesas e cortejo que vão acontecer em novembro. Entre os destaques está a Conexão Aldeia, uma vivência artística na Serra do Ororubá, na própria cidade, com o povo indígena Xucuru no dia 11 de novembro. A grade conta com apresentações teatrais, contação de história, lançamento de filme e apresentação de Samba de Coco da Aldeia.
Serviço – Projeto Transborda
Data: até 11 de novembro
Eventos em teatros: R$ 20 e R$ 10 (meia e trabalhador do comércio e dependentes)
Texto: Dupla Comunicação