“O livro vai acabar”. Essa é uma das principais frases ouvidas pela bibliotecária Marilaine Hahn, que atua há 13 anos no Sesc em Santa Catarina. Questionada com frequência se não teme que sua profissão deixe de existir, ela acredita que grande parte da informação será acessada de forma digital por uma questão de sustentabilidade e, cada vez mais, a inteligência artificial vai resolver questões de organização e acesso. “Enquanto não perdermos de vista nosso principal papel – o de promover uma experiência de leitura positiva para as pessoas – as possibilidades de atuação dos bibliotecários são infinitas.”
A atuação desse profissional vai muito além das bibliotecas. Marilaine percebe que, há alguns anos, centros de pesquisa, empresas de marketing e de tecnologia estão ampliando o leque de atividades que podem ser desenvolvidas. “As funções que eram mais centradas na organização e na disseminação da informação, muitas vezes de forma indiscriminada, estão mudando à medida que novas tecnologias abarcam algumas atividades e frente ao volume de informação disponível atualmente”, explica.
Analista de programas sociais no Sesc na Bahia, Maria da Conceição Silva atua há mais de 20 anos como bibliotecária, uma profissão que permite a ela realizar diferentes atividades. “Estudamos o perfil do público e identificamos as necessidades de informações que possam cooperar para transformar a vida das pessoas. Escutamos, olhamos nos olhos, acolhemos e tiramos as lentes preconceituosas para atender bem. Criamos ambientes para diálogos e discussões, especialmente para jovens”, destaca Maria.
Apontar caminhos e possibilidades aos jovens, na sua visão, significa promover ambientes para discussões, impulsioná-los e acreditar neles. Tudo começa quando eles cruzam a porta da biblioteca ou quando os bibliotecários atravessam as portas das escolas. “Vai além do nível de instrução, é para a vida”.
Inspiração para todas as idades
Paula Alves, coordenadora da rede de bibliotecas do Sesc em Pernambuco há 30 anos, mostra que seu trabalho faz parte da vida de muitas pessoas e se emociona com as memórias de sua profissão. “Nas feiras de livros infantis, recebemos a visita de alunos de escolas da zona rural, muitos deles não têm acesso a livros. Uma criança que se apaixonou pelo livro ilustrado ‘O urso e o morango’ me chamou a atenção. Ela o escondeu embaixo dos outros”, relembra Paula.
Paula Alves atua há mais de 30 anos no Sesc em Pernambuco (foto: Divulgação)
Ao fim do dia, a equipe sempre organiza os livros e, ao retornar no dia seguinte, o pequeno se desesperou ao não encontrar esse item. “Percebi que ele estava chorando e perguntei o que havia acontecido. Encontrei o livro e dei para ele olhar. Ele não sabia ler, mas leu as figuras, era o que importava para ele. No final da feira, dei o livro a ele. Para minha surpresa, no ano seguinte, ele estava com o livro dentro de um saco plástico conservado para me mostrar que já lia algumas palavras”.
Paula continuou fazendo parte da sua vida cerca de 20 anos depois. “Minha grande surpresa foi em um seminário que participei em 2019, quando uma pessoa veio até mim, se apresentou e me agradeceu pelo livro que eu havia dado a ele. Hoje ele é professor e sempre conta a história do livro aos alunos”, conta emocionada.
#Suabibliotecaemtodobrasil
O gosto pela leitura pode ser adquirido em qualquer idade. Por meio de suas bibliotecas espalhadas pelo país, o Sesc possibilita que pessoas de várias faixas etárias tenham acesso a livros, estimulando o hábito de ler e contribuindo com o seu aprendizado.
As bibliotecas do Sesc possuem um acervo de aproximadamente 1,7 milhão de exemplares com temáticas variadas como literatura nacional e estrangeira, clássicos universais, textos não ficcionais e técnicos, periódicos e publicações especializadas em artes, antropologia e filosofia, entre outras áreas. Hoje o Sesc possu 329 bibliotecas fixas e 57 unidades móveis, o BiblioSesc.
Texto: Sesc Nacional